segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

MATERIAL GIRL - A ETERNA METALINGUAGEM DO POP

 


A primeira track é um irônico mergulho no mundo capitalista, travestido em versos dançantes e uma paixão inenarrável da cantora pela bombshell Marilyn Monroe, buscando referências estéticas de “Diamonds Are a Girl’s Best Friend” em 1953, provando que não pensaria duas vezes em honrar algumas de suas maiores influências. Não é surpresa que, em união ao videoclipe, “Material Girl” transforme-se em um intrínseco desejo do eu-lírico em conquistar o que sempre almejou; os arranjos sintéticos marcam correlações com o CD predecessor, mas abre um terreno fértil para que Madonna explore um delicioso soubrette, uma afetação que conversa com sua reafirmação de gênero em uma causalidade a priori superficial, porém dotada de um cinismo dançante acompanhado pela mutável bateria. Em comparação à contemporaneidade, a música pode erroneamente transmitir uma sensação datada – refutada pela robótica voz de Frank Simms que acompanha a lead singer.


Material Girl é uma daquelas canções que dispensa apresentação. Composta por Peter Brown e Robert Rans, a faixa durante décadas é uma referência da mídia para citar a cantora em alguma matéria, documentário, etc. Com presença de sintetizadores e vozes robóticas que acompanham o gancho musical, a canção trata de uma jovem que propõe a seu amante uma vida de riqueza e luxo, adornada por joias para complementar o “amor”. Com linha de baixo que revela algumas doses do pós-disco, a crítica especializada apontou que há reminiscências de Can You Fell It, do The Jackson 5. Em suma: como todo bom produto da cultura pop, a canção alimenta-se de materiais já produzidos e entrega algo novo, mas repleto de metalinguagem.


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